07/11/22 – 00:34 — Domingo/Segunda
Esse é o primeiro registro que faço pra vocês, relutei pra decidir se iria escrever digitalmente ou à mão, mas pela facilidade da recordação, escrevo aqui onde as intempéries não interferem.
Estamos no mês de novembro, bem pertinho do meu aniversário de 26 anos. Eu ainda não conheço vocês e vocês também não conhecem a mim, ou seus avós e suas bisavó, que agora tem 84 anos. Hoje, nós quatro fomos pra Cajamar, onde eu prestei um concurso público pensando num futuro, pensando em vocês. O salário é muito bom, mas o cargo não tem muito a ver com a minha faculdade. Estou no último Semestre de letras, inclusive. Quero ensinar todos as línguas que eu sei pra vocês desde o momento em que estiverem na minha barriga ou desde o momento em que eu conhecer vocês. Quais pintinhas vocês terão? Qual vai ser a cor dos cabelos de vocês? Será que vocês vão gostar de música como eu? Aí no futuro vocês têm um papai ou mais uma mamãe?
Futuro. Hoje, percebi, numa conversa com a tia de vocês, a Bárbara, que sempre prefiro voltar pro passado, viver nele, recorrer a ele e fazer dele meu lugar de conforto, mesmo que eu tenha sofrido lá. Por isso, também, escrevo esse diário em dois momentos nos quais não gosto de viver, mas que preciso aprender: o presente e o futuro. Vocês sabiam que tudo isso é relativo? A noção do tempo é algo muito abstrato, separado por horas de sono e medidas de tempo que alguns humanos inventaram.
Aqui no meu presente, meu futuro passado, já sinto falta de vocês e consigo sentir que vocês existem em algum momento dessas medidas estranhas.
Beijos da mamãe.
